Nanã Buruquê é uma das mais antigas e respeitadas divindades do panteão afro-brasileiro. Na Umbanda, ela é considerada Orixá das águas profundas, dos pântanos e dos mistérios da criação e da ancestralidade. Representa a sabedoria ancestral, o equilíbrio entre a vida e a morte, e está ligada ao ciclo da existência.
Origem e ancestralidade
Nanã tem raízes nos povos jeje e nagô, com origem no Daomé (atual Benin), e foi incorporada aos cultos afro-brasileiros durante o processo de formação das religiões de matriz africana no Brasil. Seu nome está ligado à antiguidade e ao respeito pelos mais velhos, sendo considerada a mais velha entre os Orixás.
Na Umbanda, embora sua presença seja mais discreta, Nanã é reverenciada com profundo respeito. Ela trabalha especialmente nas linhas espirituais que cuidam da cura, do acolhimento dos espíritos desencarnados e da regeneração espiritual.
Atributos de Nanã
Nanã é o símbolo do feminino sagrado em sua forma mais madura e acolhedora. Ela representa:
- A sabedoria dos ciclos da vida e da morte;
- O acolhimento dos espíritos em sofrimento;
- O poder da lama sagrada, que é vida em transformação;
- A compreensão profunda da existência, dos mistérios e da espiritualidade.
Seu elemento é a lama dos mangues, pântanos e brejos, lugares onde há o encontro da água e da terra – símbolo do nascimento da vida e do retorno ao espiritual.
Cores, símbolos e saudação
- Cor: roxo, lilás e branco (símbolos de transmutação, serenidade e espiritualidade).
- Símbolos: o ibiri (cetro feito com nervuras de palmeira), que representa seu poder e ligação com o mundo espiritual.
- Saudação: Salubá Nanã!
Nanã na prática da Umbanda
Em giras de Umbanda, é comum que Nanã se manifeste de forma serena, com energia densa e amorosa. Ela trabalha nas linhas de cura espiritual e está frequentemente presente em rituais que tratam da passagem dos espíritos, como desobsessões e elevações.
Seus filhos e médiuns que trabalham com sua energia costumam ter forte sensibilidade espiritual, uma conexão profunda com o emocional e uma missão de acolher e orientar.
A força de Nanã em nossas vidas
Nanã nos ensina o valor do tempo, da paciência e da maturidade. Ela mostra que tudo tem um início, um meio e um fim – e que todos esses ciclos são sagrados. Com sua força serena, nos lembra de respeitar nossos ancestrais, honrar o passado e compreender os processos invisíveis que regem a vida.
Salubá Nanã! Que sua luz nos envolva com sabedoria, cura e transformação.