Na Umbanda, a quartinha é um dos elementos mais sagrados dentro da firmeza espiritual. Ela é muito mais do que um simples recipiente de barro ou louça — é símbolo de força, acolhimento, proteção e ligação direta com o plano espiritual.
A quartinha representa o princípio feminino e o mistério das águas, associada à energia da criação, da intuição, da maternidade e da cura. A água que ela carrega é viva: absorve, transmuta e equilibra energias. Por isso, sua presença é comum no congá, nos assentamentos dos Orixás, nos quartos de camarinha e nos pontos de firmeza dos médiuns.
Cada quartinha é consagrada e torna-se morada do Orixá ou do Anjo de Guarda de quem a firma, estabelecendo um canal de comunicação e proteção. Ela atua como um guardião silencioso, trabalhando o equilíbrio emocional, o fortalecimento espiritual e a sintonia com a espiritualidade superior.
🔮 A Diferença Entre Quartinha com Asa e Sem Asa
No universo da Umbanda, o formato da quartinha também carrega significado:
- Quartinha com Asa:
Simboliza o aspecto feminino da espiritualidade. É geralmente associada às Yabás, como Oxum, Iemanjá e Nanã, ou usada para representar o lado mais sutil, acolhedor e maternal do Orixá. A “asa” remete ao útero, à criação, à nutrição e ao cuidado. Muito utilizada também em firmezas do Anjo de Guarda. - Quartinha sem Asa:
Representa o aspecto masculino, associado a Orixás como Ogum, Xangô, Oxóssi e Omulu. Sua forma mais simples evoca a força, a ação, a estabilidade e o foco. Costuma ser usada em assentamentos ou trabalhos onde se busca firmeza, proteção e atuação direta.
A escolha entre uma e outra não é apenas estética: ela segue fundamentos, tradições da casa e, principalmente, a vibração que se quer firmar naquele ponto de força. Em muitas casas, também pode variar de acordo com a orientação espiritual do dirigente ou da entidade.
Mistérios das Quartinhas na Umbanda
- Representação do Sagrado Feminino
A quartinha é um elemento associado ao princípio feminino e à força das águas — símbolo de acolhimento, intuição, vida e equilíbrio emocional. - Morada do Orixá e do Anjo de Guarda
Quando consagrada, a quartinha se torna a morada espiritual do Orixá de cabeça ou do Anjo de Guarda do médium, sendo um ponto de firmeza e proteção. - Elemento de conexão e comunicação espiritual
A água contida na quartinha facilita a sintonia com os guias, absorvendo e transmutando energias. É por isso que ela nunca deve ser tocada sem necessidade. - Símbolo de purificação e equilíbrio energético
A presença da quartinha no congá, tronqueira ou nos assentamentos ajuda a manter a vibração do ambiente limpa, protegida e harmonizada. - Ferramenta de resguardo e fortalecimento
Durante momentos de recolhimento, como a camarinha, a quartinha acompanha o médium, servindo de elo direto com sua espiritualidade e proteção. - Ligação com o elemento água e com os tronos de Oxum e Iemanjá
Por conter água, a quartinha carrega também os mistérios das águas doces (Oxum) e salgadas (Iemanjá), e seus tronos de amor, geração e cura. - Instrumento de oferenda e culto diário
Pode ser utilizada em ritos e oferendas, com flores, ervas ou apenas água limpa, como forma de alimentar e honrar os Orixás.
Respeitar os mistérios da quartinha é reconhecer que, mesmo nos objetos mais simples, habita a grandeza dos Orixás. Água, barro e fé se unem em silêncio para sustentar a caminhada de todos que trilham os caminhos da Umbanda com amor e humildade.
