Xangô e São Jerônimo: Justiça entre Tradições

Xangô e São Jerônimo: Justiça entre Tradições

Na umbanda, é comum o sincretismo entre orixás de matriz africana e santos católicos, resultado do processo de resistência religiosa dos povos escravizados no Brasil. Um desses sincretismos menos populares, porém profundamente simbólicos, é o de Xangô com São Jerônimo.

Quem é Xangô?

Xangô é o orixá da justiça, do equilíbrio, dos raios e trovões. É um rei, estrategista e julgador, que pune os injustos e protege os que buscam retidão. Nas tradições afro-brasileiras, especialmente no candomblé e na umbanda, Xangô representa a força da razão e da responsabilidade. Seus símbolos mais conhecidos são o machado duplo (oxé), os raios e as pedras.

Quem é São Jerônimo?

São Jerônimo, doutor da Igreja Católica, é conhecido por ter traduzido a Bíblia para o latim (a versão chamada Vulgata). Era um homem de temperamento forte, profundo conhecedor das escrituras, eremita e defensor da fé. Frequentemente é retratado com um leão — símbolo de força e coragem — e com livros, em alusão ao seu papel intelectual e teológico.

Por que o sincretismo entre Xangô e São Jerônimo?

Apesar de São Jerônimo não ser um santo “comum” nas festas populares brasileiras, o sincretismo com Xangô surge pela afinidade simbólica entre os dois:

  • Ambos representam a força da palavra: Xangô julga com sabedoria; Jerônimo traduz e interpreta as escrituras.
  • Têm em comum a seriedade, a justiça e o conhecimento profundo.
  • O leão de São Jerônimo também encontra eco na realeza e força de Xangô, que é considerado um rei mítico de Oyó.
  • São figuras de autoridade moral, que equilibram razão e espiritualidade.

Na umbanda, esse sincretismo não é obrigatório ou universal, mas aparece em algumas casas e terreiros, especialmente em regiões onde a presença católica popular influenciou mais intensamente a religiosidade afro-brasileira.

O valor do sincretismo

Mais do que confusão entre crenças, o sincretismo é resistência e adaptação. Foi por meio dele que os orixás sobreviveram à repressão religiosa imposta no período colonial e pós-colonial. A associação entre Xangô e São Jerônimo mostra como símbolos de culturas distintas podem dialogar e se complementar — construindo uma espiritualidade viva, diversa e plural.

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